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As algas marinhas apresentam uma variabilidade morfológica muito grande, indo das formas microscópicas complexas até macroalgas de grandes dimensões. Os seus pigmentos amarelados, vermelhos, acastanhados ou azuis surgem associados, em porporções variáveis, às clorofilas (pigmentos verdes). Daqui resulta uma palete de cores enorme, que vai do verde puro da maior parte das Chloropycota (algas verdes) ao vermelho púrpura de muitas Rhodophycota (algas vermelhas), passando pelo castanho ou oliváceo das Phaeophyceae (algas castanhas).

Alga-verdeAlgumas espécies macroscópicas, muito vistosas, são de colheita mais fácil pela maior acessibilidade dos locais que habitam. Como estas formas são geralmente fixas a um substrato sólido, é em regra inútil procurá-las nas costas arenosas ou nas baías muito expostas ao batimento das ondas. Quando se encontram acidentalmente nestes locais, correspondem, quase sempre, a espécimes destacados pelo mar e depois arrojados nas praias. Assim, os locais mais ricos de algas marinhas são, em regra, costas rochosas, especialmente quando formadas por rochas duras de origem eruptiva ou metamórfica. Efectivamente, as rochas marinhas, para além de constituirem um substrato extraordinariamente favorável à fixação das algas, proporcionam, com as suas fendas e recantos, um excelente abrigo para espécies mais delicadas, protegendo-as ao mesmo tempo de um batimento demasiadamente violento das ondas, ou de uma luminosidade excessiva. Por outro lado, a água retida nas depressões frequentes dessas rochas protege também as algas contra a dessecação aquando da baixa-mar.

Uma das actividades mais interessantes para aprender a taxonomia das algas marinhas é fazer um herbário, recolhendo espécimes durante a baixa-mar. Deve-se ter em conta que esta actividade tem impactes sobre o meio ­ não só sobre as próprias algas mas também sobre o habitat que ajudam a formar. Assim, deve-se proceder a uma recolha criteriosa, em zonas de abundância, de poucos espécimes de cada vez, fazendo herbários em grupo e não individuais, quando se tratar de grupos escolares grandes.

O equipamento necessário para a colheita das macroalgas marinhas é bastante diferente do que se utiliza para o fitoplâncton marinho. Na maior parte dos casos é suficiente que o colector disponha de sacos de plástico ou baldes, destinados a guardar os exemplares colhidos, e de um utensílio metálico que lhe permita raspar ou arrancar as algas fixadas ao substracto rochoso (por exemplo, uma faca velha). Tudo o mais se resume, genericamente, a vestuário e calçado adequados

Alga-vermelhaDepois, torna-se necessário conhecer com exactidão o horário das marés na região a explorar. Isto porque, embora se possam "apanhar" algas a qualquer hora do dia e em quase todas as épocas do ano, o material morto e por vezes já putrefacto, encontrado nas praias acima do nível da maré alta, não tem qualquer interesse para este objectivo. Por outro lado, a colheita das algas no próprio local em que se desenvolvem fornece, simultaneamente, dados seguros sobre o seu habitat, distribuição e relações ecológicas. Na zona situada entre os limites das marés, ou um pouco mais profundamente, as colheitas podem realizar-se, se não a pé enxuto, pelo menos à mão. Em águas mais profundas, só por mergulho ou dragagem (método sempre desaconselhado, porque bastante agressivo e indiscriminado).

Munidos do equipamento necessário, deve-se começar o trabalho logo que a maré atinge o seu nível mais baixo, ou até um pouco antes, havendo a conveniência em aproveitar as marés vivas, durante as quais o mar atinge níveis mais baixos na maré vaza (consultar tabela de marés em http://www.hidrografico.pt, por exemplo).
As algas de maiores dimensões, as formas calcárias, ou os maciços de pequenas algas suficientemente resistentes são arrancados à mão ou com o auxílio da faca, sendo de seguida introduzidos no saco de plástico (ou balde) com uma pequena quantidade de água. Qualquer que seja o tamanho da alga, deve ter-se em atenção que a parte basal do exemplar é muitas vezes de fundamental importância para a sua determinação. Por isso, das espécies de grandes dimensões de que não possam ser colhidos inteiros (até porque as folhas de herbário não ultrapassam 211x297 mm ou seja, A4), devem preferir-se os mais pequenos com morfologia típica (sem esquecer as frutificações), ou, na sua falta, colherem-se, simultaneamente, porções da parte basal e de outras partes do talo.

Alga-castanhaNo caderno de campo, que é parte integrante da actividade, deverão indicar-se, para cada caso, o local e data da colheita, a natureza da rocha ou do substracto e quaisquer outras indicações úteis referentes à estação ou ao exemplar, incluindo fotografia, quando possível. Esta documentação complementar é de grande utilidade e deve figurar na folha de herbário ao lado do talo do espécime a que diz respeito.

Preparação e conservação das algas marinhas

Os principais métodos de conservação de algas são por prensagem e secagem sobre papel ou em frascos com formol ­ esta técnica é habitualmente reservada a algas microscópicas de água doce.
A grande maioria das colecções de algas marinhas está conservada em herbários sob a forma de espécimes secos, espalmados e montados em folhas de papel ou cartolina. Como o formato das folhas de herbário que propomos utilizar-se é o A4, o papel sobre o qual os exemplares são montados não pode exceder estas dimensões. Na maior parte dos casos, o papel que serve de suporte à alga é mesmo muito mais pequeno (em conformidade com o tamanho do exemplar) sendo depois colado às folhas de herbário (cartolina preta A4 ou papel Bristol, protegida por arquivadores plásticos apropriados).
Assim preparadas, as algas marinhas conservam-se perfeitamente tal como acontece com o material excicata de plantas superiores.

exemplares de herbárioOs exemplares de herbário, quando guardados às escuras, mantêm a cor durante muito tempo e são menos susceptíveis ao ataque de parasitas. Por outro lado, uma grande parte dos espécimes assim conservados pode, depois de muito tempo, reassumir a sua forma natural, desde que sejam mergulhados em água salgada, o que obviamente facilita o seu estudo, em tempo ulterior à colheita.
O equipamento necessário para a montagem de algas em herbário é muito simples. Os exemplares de tamanho médio ou pequeno devem secar-se sobre um suporte ao qual possam fazer-se aderir. O material necessário para a sua preparação é o seguinte:

    a) Papel branco (ou cartolina) de boa qualidade, de espessura média, ligeiramente rugoso, sobre o qual se irão dispor os espécimes. Este papel deve cortar-se em pequenos pedaços de dimensões variáveis ­ desde quadrados com 8 cm de lado até rectângulos com 21x29 cm ­ devendo a maior parte possuir dimensões médias.
    b) Pequenos pedaços, aproximadamente com 22x30 cm, de um tecido fino de pano cru, de malha suficientemente apertada, ou mesmo papel encerado.
    c) Uma quantidade suficiente de papel de jornal ou de listas telefónicas.
    d) Uma tina em plástico, pouco profunda (5-8 cm), rectangular, com pelo menos 30 cm de largura e 50 cm de comprimento, semelhante às usadas na revelação de fotografias.
    e) Uma placa de zinco de dimensões um pouco menores que as da tina e com um pequeno rebordo (2 cm) dobrado em ângulo recto, ou uma placa de vidro de tamanho equivalente.
    f) Alguns pincéis de tamanhos diferentes, uma agulha de dissecação, pinças e bisturi em aço inoxidável, etc.

Para preparar o material procede-se da seguinte maneira:

    1- Enche-se a tina, até 2/3 da sua altura, com água do mar (não utilizar nunca água doce).
    2- Coloca-se a placa de vidro dentro da tina de modo a formar um plano inclinado de queda suave, do qual cerca de 2/3 ficam mergulhados na água.
    3- passosDesembaraça-se o espécime dos ramos supérfulos, se os houver, e mergulha-se na tina juntamente com uma folha de papel branco (ou cartolina) com dimensões correspondentes ao seu tamanho. Dentro de água, com auxílio das pinças, das agulhas e dos pincéis, estende-se o espécime sobre o papel, conservando-o, tanto quanto possível, com o seu aspecto natural. A folha de papel, coloca sobre a placa de vidro, é então retirada da tina fazendo-a deslizar muito lentamente para fora, para que a posição do exemplar sobre o papel não seja modificada. Se porventura isso acontecer, corrige-se a posição com um pincel molhado.
    4- A folha de papel branco com o exemplar espalmado põe-se então a escorrer durante alguns minutos, para o que pode colocar-se qualquer superfície lisa ligeiramente inclinada. Nesta folha transcreve-se então, com um lápis mole, as indicações necessárias à sua identificação (ou um código).
    5- Tomam-se, em seguida, 4 a 6 folhas de papel de jornal, na última das quais se coloca a folha de papel branco com o exemplar (espalmado e já escorrido) voltado para cima. Sobre o espécime coloca-se cuidadosamente um pedaço de tecido cru, com o objectivo de impedir a sua colagem às folhas de jornal que vão ser colocadas por cima. Continuar-se-á a alternar sucessivamente papel de jornal, exemplares de herbário, tecido cru e papel de jornal, até que todos os exemplares estejam preparados.
    6- A pilha assim formada coloca-se correcta numa prensa de secagem. Na sua falta, podem utilizar-se duas placas de madeira com dimensões pelo menos iguais à das folhas de papel de jornal, após o que se dispõe sobre a placa superior uma massa suficientemente pesada.

    prensas

    7- O mais tardar, 24 horas depois retiram-se as folhas de papel de jornal e os pedaços de tecido cru, substituindo-os por outros enxutos. Os pedaço de tecido são postos a secar para futura utilização, o mesmo se podendo fazer para as folhas de jornal, se necessário. Após sucessivas mudanças, os espécimes já secos ficam aderentes ao papel de suporte.
    8- Logo de seguida podem ser colocados em folhas A4 de cartolina preta, que serão posteriormente guardadas no interior de arquivadores plásticos apropriados. Ao colocarem-se os espécimes secos nas cartolinas do herbário, deve procurar-se uma ordenação lógica por grupos taxonómicos, que vais ficar patente no índice de herbário a realizar no final do trabalho. Assim, não é aconselhável juntar algas verdes com vermelhas ou castanhas, na mesma folha de herbário.
    9- Se porventura alguns espécimes, depois de secos, não ficarem perfeitamente aderentes ao papel deverão fixar-se com um pouco de cola líquida incolor mas nunca com fita adesiva.

Etiquetagem

É regra absolutamente indispensável que cada amostra ou conjunto de amostras da mesma proveniência possua uma etiqueta. Esta deve conter o número de ordem, localidade e data da colheita, nome do colector e a respectiva identificação do espécime (género ou espécime). A etiqueta deve ser colada junto ao exemplar, facilitando a respectiva consulta.

Algas em:

http://www.uniovi.es/UniOvi/.../PrepararHerbario/PrepararHerbario.htm
http://www.sonoma.edu/biology/algae/algae.html
http://www.ub.es/cedocbiv/pagcast/calgues.htm

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