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Observação de Aves

A zona onde se insere a Quinta Pero Vicente é um local por excelência para observar vários tipos de aves, pela intersecção de diferentes tipos de habitas: aves marinhas, que nidificam nas falésias, aves características das zonas agrícolas, que fazem ninho junto aos cursos de água ou nas zonas cerealíferas que ainda perduram. Também as aves de rapina são nossas vizinhas, atraídas pelos pequenos roedores e pelos passiriformes que pululam por todo o lado. Também a passagem de espécies migradores faz da região um paraíso para ornitólogos.

À boleia no vento que sopra de lesteÀ boleia no vento que sopra de leste

Em Sagres, anualmente, as migrações são um espectáculo e uma oportunidade de estudo para os ornitólogos.

Peça-nos os binóculos e o guia de aves e passe um dia fabuloso.

Migração de Aves Planadoras na Região de Sagres por Helder Costa, SPEA:
(Resumo da comunicação apresentada no Colóquio "Turismo de Natureza, Avifauna e Flora da Costa Vicentina", Vila do Bispo, 8/4/2000. Esquema da SPEA do Cabo de S. Vicente)

Aves planadoras, como o nome indica, são aves que utilizam essencialmente o voo planado para se deslocar. Sob esta designação incluem-se normalmente os grous, as cegonhas e as aves de rapina diurnas (Elkins 1998). As aves planadoras aproveitam as correntes térmicas ascendentes que se formam quando o ar frio da atmosfera aquece em contacto com a superfície terrestre exposta ao sol, tornando-se mais leve e subindo (Alerstam 1993, Elkins 1998, Kerlinger 1989). Este modo de deslocação permite às aves percorrerem grandes distâncias com um dispêndio mínimo de energia mas implica que os movimentos migratórios tenham de ser efectuados durante o dia (Newton 1979).

Sobre as grandes massas líquidas a intensidade das correntes térmicas é bastante menor, daí que estas aves evitem fazer grandes deslocações sobre as águas quando têm de atravessar o oceano nas suas deslocações (Alerstam 1993, Newton 1979).

A dependência das correntes térmicas varia de espécie para espécie e está relacionada com a superfície alar. Assim, aves com uma grande superfície de asa, caso dos abutres e das cegonhas, utilizam muito mais o voo planado do que espécies com uma reduzida superfície alar, caso dos gaviões e tartaranhões, que utilizam bastante o voo batido (Elkins 1988, Newton 1979).

 

Na Europa, as aves das regiões setentrionais são em grande parte migradoras invernando na Europa Ocidental e Central, na bacia mediterrânica ou a sul do Sara. Algumas espécies com distribuição meridional são também migradoras e invernam em África a sul do Sara. Nestes movimentos norte/sul, as aves que invernam em África têm de atravessar a barreira natural constituída pelo Mediterrâneo.

Para as espécies que não dependem das correntes térmicas a migração é, de forma geral, efectuada segundo uma frente ampla e a travessia pode ser feita praticamente a partir de qualquer ponto. São os casos, por exemplo, da Águia-pesqueira Pandion haliaetus ou dos Trataranhões Circus sp.. Para outras espécies, as poucas dezenas de quilómetros que separam a Europa de África podem constituir uma barreira quase intransponível. Assim, estas espécies tendem a concentrar-se em locais estratégicos onde a distância entre os dois continentes é menor.

O Estreito de Gibraltar, na Península Ibérica, e o Estreito do Bósforo, na Turquia, são os dois locais mais importantes de passagem pós-nupcial de migradores transaarianos. Outras rotas secundárias têm sido identificadas, nomeadamente o chamado corredor Mediterrâneo Central, importante na Primavera.

O interesse natural de Sagres começou a ser reconhecido em finais da décda de 50 (Tavares & Sacarrão 1960), datando da altura os primeiros estudos efectuados sobre a migração de aves na zona (Moreau & Monk 1957, Owen 1958, Wallraff & Kiepenheuer 1963).

A área de estudo de Sagres situa-se no extremo Sudoeste de Portugal, estendendo-se por toda a orla costeira e Planalto Vicentino, entre Vila do Bispo, Cabo de S. Vicente e Sagres.

Extremamente árida, a paisagem na região é caracterizada por pousios, matos (especialmente ao longo das linhas de água e nos vales mais abrigados) e por alguns povoamentos de pinhal. O planalto é interrompido por abruptas falésias que caem sobre o mar.

O clima é mesotérmico húmido com pequenas amplitudes térmicas e fraca precipitação anual. Na Costa Ocidental o vento faz-se sentir predominantemente de Norte e Noroeste, enquanto a costa Sul se encontra normalmente sujeita a um regime de brisa (Faria et al. 1981).

Na década de 80, vários autores chamaram a atenção para a importância da zona como local de passagem para diversas espécies de aves de rapina (Palma 1986, Abreu 1989). No entanto, só em 1990 se viria a realizar a monitorização organizada da migração das aves planadoras na região. Essa primeira campanha, organizada pelo ICN com a colaboração da Câmara Municipal de Vila do Bispo, constituiu um inegável sucesso e veio demonstrar inequivocamente a importância da região como local de passagem para aves planadoras (Palma, Beja 1994).

Desde então foram realizadas mais quatro campanhas - 1992, 1994, 1995 e 1996. Destas, as três últimas forma coordenadas pela Sociedade Portuguesa para o estudo das Aves/SPEA com o apoio do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.

De uma forma geral, as campanhas tiveram início em princípios de Setembro e terminaram em meados de Outubro. O registo das aves e dos seus movimentos foi feito a partir de vários postos de observação implementados no terreno, coordenados por um posto de monitorização principal instalado no marco geodésico da Cabranosa. O esforço de observação sofreu oscilações consideráveis no decurso das várias campanhas, no entanto manteve-se sempre um esforço de observação mínimo correspondente ao funcionamento do posto de coordenação. No total foram observadas 27 espécies de aves de rapina diurnas e as duas espécies de cegonhas. O número de aves observadas variou entre 2032 em 1990 e 1037 em 1996 (Costa et al, 1998). As espécies mais abundantes foram a Águia-calçada Hieraaetus pennatus, o Gavião Accipiter nisus , a águia-cobreira Circaetus gallicus e o Milhafre-preto Milvusmigrans.

De forma a obter dados mais precisos sobre a idade das aves e os seus padrões de deslocação na zona foram ensaiados alguns esquemas de captura e marcação que tiveram lugar no decurso das campanhas de 1992, 1995 e 1996. No total, foram capturadas 166 aves de 13 espécies diferentes.

Com base na informação actualmente disponível, pode-se afirmar que o corredor migratório existente na região tem uma importância secundária no esquema de rotas migratórias das aves planadoras existentes no Paleártico Ocidental. Este corredor possui no entanto alguma importância a nível regional, pelo que seria desejável a continuação dos estudos na região, nomeadamente para aprofundar aspectos que ainda não estão esclarecidos ou acerca dos quais não há ainda informação suficiente (por exemplo, origem das aves, padrões de circulação e tempos de permanência na zona, influência das condições meteorológicas, padrões etários, etc.).

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