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Aljezur

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O "esquecimento" a que o concelho de Aljezur foi votado pelos promotores imobiliários que encheram o "outro" Algarve de aldeamentos e de toda a sorte de empreendimentos turísticos, com as construções a pendurarem-se, periclitantes, nas arribas, fez com que, ainda hoje, se encontrem nesta costa algumas das mais preservadas praias do país.

De acessos difíceis, águas frias, areias limpas, piscinas naturais encastradas nas rochas que entram mar dentro, constituem um dos maiores atractivos naturais da região. A dez minutos (a pé) da Quinta Pero Vicente encontram-se praias naturais como Vale dos Homens, Zimbreirinha ou Barradinha. Um pouco mais para norte Baía dos Tiros ou Odeceixe. Para sul, Carriagem, Amoreira, Monte Clérigo, Arrifana, Vale Figueira, Carrapateira/Bordeira, Amado.

No Guia Expresso "O Melhor de Portugal" são referidas as praias de Odeceixe, Bordeira/Carrapateira e da Arrifana. Sobre esta última, por exemplo, lê-se: "Uma só coisa falta à praia da Arrifana para ser verdadeiramente perfeita: acessos mais cómodos (...). Um incómodo compensado pela vista: a praia estende-se em crescente ao longo de mais de 1 km, terminando, no topo sul, com uma rocha vertical no meio do mar, a fazer lembrar a nova-iorquina estátua da Liberdade. Trata-se da Pedra da Agulha. Há quem esteja a fazer férias em Lagos ou Monchique e não se importe de percorrer meia centena de quilómetros para aqui vir".

Recentemente, o "Público" elaborou um dossier sobre as praias de Aljezur, da autoria de Luís Maio, Pedro Cunha e Nuno Jesus.

Desse documento extraímos algumas descrições.

Odeceixe - Luís Maio, Público, 5 de Agosto de 2000

A praia fica a cerca de três quilómetros da vila que lhe dá nome. A estrada alcatroada, serpenteante e a precisar de reforma que lhe dá acesso segue paralelamente ao rio Ceixe, durante 3 km. Arruma-se o carro com dificuldade, sobretudo no Verão, na falésia sul povoada de algumas dezenas de casas. Há um miradoiro novinho em folha, sobre o qual se construíram casas de banho, e daí desce-se por uma escada de pedra. Cá em baixo há letreiros proibindo acampar e interditando a entrada aos cães e um placard anunciando o certificado de bandeira azul.

A praia de Odeceixe terá mais de um quilómetro de comprimento na maré baixa e cerca de metade de largura, cortada pela ribeira de Ceixe que nesta altura do ano terá um mínimo de dez metros de largo. É uma das praias mais amplas e bonitas da região, mas é também uma das mais concorridas. O ambiente é familiar e mesmo os toplesses não muito frequentes. Os nudistas têm em compensação uma espécie de anexo a sul, num areal de uns 400 metros de comprimento. Esta segunda praia, no entanto, não é vigiada, ao contrário da primeira, onde a zona de banhos está bem delimitada e o nadador-salvador apita ao mínimo desvio. Para quem tem crianças ou prefere nadar à vontade, a ribeira é uma boa opção.

Samouqueira e Esteveira - Luís Maio, Público, 5 de Agosto de 2000

Na EN120, a 6,5 km a sul de Odeceixe, fica o Rogil, onde os semáforas tornam a paragem quase obrigatória. É uma típica terra de passagem com filas de casas à beira dos lados da estrada. Há duas praias de areia, que são Vale dos Homens e Carriagem, e duas praias de calhaus, que são Samouqueira e Esteveira.

Quem vem de norte, à entrada do Rogil encontra as placas que indicam Brejos de Moita e Esteveira, sem qualquer sinalética de praia. Seguindo por essa estrada secundária cerca de 3 quilómetros chega-se à Esteveira, onde convém deixar o carro. A "praia" com o mesmo nome é acessível a pé através de carreiros nas falésias, onde só os pescadores andam à vontade, enquanto a praia do Samouqueira, que fica um pouco mais a norte, requer uma caminhada de cerca de um quilómetro por trilhos não muito mais convidativos. Só ou quase para os amantes da natureza mais temerários.

Carriagem e Vale dos Homens - Luís Maio, Público, 5 de Agosto de 2000

As placas assinalando estas duas praias surgem mais ou menos a meio do Rogil, onde há um largo com uma esplanada. Escassos metros mais à frente aparece a indicação de Vale dos Homens à direita, ou seja, a norte, e de Carriagem a sul. Há dois anos que o caminho para Vale dos Homens foi asfaltado ao longo de três quilómetros. Estes percorridos, começa a terra batida e é preciso escolher entre a entrada sul e a norte. Ir de carro ribanceira abaixo pela entrada norte é perigoso e pode não haver lugar seguro para o deixar. A entrada sul tem um amplo parque de estacionamento no topo da falésia e é sem dúvida a mais utilizada, embora depois seja necessário descer a pé por um caminho que não inspira grande confiança. Se com a maré cheia só há uma extensão de areia considerável a sul, com a maré vazia Vale dos Homens são mais de dois quilómetros de uma praia soberba, sobretudo frequentada por locais que não perdem uma oportunidade para jogar partidas de futebol de onze. Há calhaus e rochedos já na água, traiçoeiros para os não iniciados, sobretudo na maré cheia. Mas a sul, quando a maré está a encher ou a vazar, é possível tomar banho entre os rochedos com àgua pelo pescoço, como se se estivesse numa banheira luxuriante. A praia é vigiada, no entanto, só a sul.

A Carriagem é mais do mesmo, porém, com muito mais rocha. A estrada que lá vai dar e que é de terra batida bifurca-se cerca de 2km depois de se deixar o Rogil. Não há qualquer placa no local, por isso convém saber que é para seguir pela direita. Chegado ao parque de estacionamento, o carreiro é de tal modo a pique e irregular que pode levar um bom quarto de hora a percorrer e é preciso ter cuidado com as quedas.

Na maré cheia há umas escassas dezenas de metros de areia que, como a praia não tem serviço de limpeza, tendem a estar repletas de dejectos. Quando a maré baixa, no entanto, o comprimento da praia é a perder de vista, sendo possível ir daqui à Amoreira, cerca de cinco quilómetros a sul, embora a largura do areal se mantenha diminuta. É menos uma praia para estar do que para passear e, no caso dos locais, para pescar.

Amoreira - Luís Maio, Público, 5 de Agosto de 2000

Aljezur tem três praias, qual delas a mais atractiva, tanto mais que este ano todas elas estão contempladas com bandeira azul. Mas, certamente porque se trata de uma zona privilegiada, é a única excepção na política de crescimento zero desta área de paisagem protegida. A aberração chama-se Vale da Telha e como se já não bastasse terem sancionado a sua urbanização há alguns anos, neste preciso momento continuam a construir aí vivendas cada uma de seu tamanho e feitio e, pior que tudo, a febre do betão está a expandir-se à vizinha Arrifana.

Não fossem as vivendas de Vale da Telha a espreitarem ao sul e a Amoreira seria um perfeito paraíso. São, para começar, sete quilómetros de caminho por uma paisagem de sonho: um vale idílico no meio do qual passa um ribeiro, enquadrado por montes de estevas ainda em estado selvagem, meia dúzia de casas tradicionais e as vacas a pastar. O fascínio da Amoreira reside na extraordinária dualidade natural que oferece ao visitante: de um lado a praia fluvial enquadrada por dunas e vegetação mediterrânica, do outro a praia marítima com quilómetro e meio de comprimento entre as falésias a norte e a foz da ribeira a sul, como uma espécie de duplo invertido da praia de Odeceixe.

O mar muito batido é quase impraticável a maior parte do ano, mas na maré baixa forma uma extensa piscina onde é perfeitamente seguro tomarem banho crianças de todas as idades. Se quando a maré está baixa na praia fluvial há pouco mais que um fio de água, quando enche fica com uns bons trezentos metros de largura e é especialmente agradável entrar na água mesmo onde rebentam as primeiras ondas do mar e embalar na corrente durante dois quilómetros até ao início da praia fluvial. A ponta sul da Amoreira é ainda um local privilegiado para a pesca à linha.

Monte Clérigo e Arrifana - Luís Maio, Público, 5 de Agosto de 2000

Quinhentos metros depois da saída sul de Aljezur, surgem placas que indicam à direita as praias de Monte Clérigo a 9km e da Arrifana a 7km. Depois de subir cerca de mil metros de encosta, a estrada bifurca-se, indo a da direita dar à primeira, e a da esquerda à segunda daquelas praias.

Monte Clérigo é uma das praias de mais fácil acesso e mais bem apetrechadas da região. Tem dois parques de estacionamento, um a norte e outro a sul, ambos alcatroados, posto de socorros, casas de banho e duche ao ar livre junto ao areal. É quase tão comprida quanto a Amoreira, surgindo sobretudo como uma praia frequentada por famílias, entre as quais não é raro o passatempo de pescar polvos entre as rochas da zona sul, durante a maré baixa.

O acesso para a Arrifana é mais complicado, pois ou se deixa o carro cá em cima em frente ao restaurante Brisamar, ou se arrisca a sorte até lá abaixo por uma estreita via calcetada, no fim da qual raramente há lugar para estacionar no Verão. A praia em si é uma "unha" que se estende por cerca de um quilómetro. Se a maior parte do ano é frequentada por surfistas, quando chega o Verão e o mar se torna mais calmo pode parecer uma extensão da "society" do Guincho. Talvez por isso é a praia mais cara da zona tanto para alugar casas (150 contos por uma quinzena é um preço médio) como para comer.

Bordeira e Praia do Amado - Luís Maio, Público, 5 de Agosto de 2000

A Carrapateira é uma povoação recortada entre montes e dunas, no cenário português da nossa costa que mais se aproxima do litoral norte de Marrocos. É servida por duas praias que, porém, não poderiam ser mais diversas. A praia da Bordeira, que fica a norte, terá para cima de três quilómetros de comprimento, o areal alargando a sul numa extensão de cerca de mil metros. Como em Odeceixe e na Amoreira, também aqui vai desaguar um curso de água, originando uma praia fluvial. É a alternativa a um mar quase sempre revolto, onde é costume a bandeira vermelha ser hasteada dia sim, dia sim. Pouco abrigada e ventosa, a Bordeira representa a natureza da costa vicentina em todo o seu esplendor, apesar de ser das praias mais castigadas pela maré de crude que este ano vitima toda a região.

Igualmente muito extensa, embora não tanto quanto a Bordeira, a Praia do Amado fica a a cerca de 500 metros a sul da Carrapateira. As águas são geladas como no resto desta tira de litoral, mas não tão batidas, e no mesmo dia em que na segunda a bandeira estava vermelha, na primeira estava amarela. O que justificará a existência de uma escola de surf, onde as aulas custam 5.000$ por um dia, 13.500$ por três e 20 mil por cinco. Não é raro haver mais de meia centena de surfistas ensaindo piruetas nas ondas, testemunhadas por jovens beldades deitadas no areal.

Praia do Canal, Penede e Vale de Figueira - Luís Maio, Público, 5 de Agosto de 2000

Estas praias ficam sensivelmente a meio do caminho entre Aljezur e a Carrapateira. O Canal é uma praia de calhaus à qual se chega por caminhos de terra a partir da Arrifana e de Vales, embora seja um trajecto contra-indicado a quem não possuir um 4x4. Menos acessível ainda de automóvel é o Penede que, no entanto, tem ligação pelo areal durante a maré baixa com Vale de Figueira. Esta é a única das três assinalada com duas placas na EN 120 e mesmo assim sem a indicação de praia. A estrada é alcatroada durante cerca de três quilómetros, depois aparece um letreiro escrito à mão indicando "praia", e o que segue é um caminho de terra batida, algo tortuoso.

Somando Vale de Figueira e Penede, são certamente mais de três quilómetros de areal, porém, muito ventoso e inóspito, o que poderá justificar ser pouco popular. Caminhando uns escassos quinhentos metros, já quase não se encontra ninguém, o mesmo é dizer que convida ao nudismo. O extremo norte onde acaba o Penede é frequentado por pescadores, enquanto o extremo sul é preferido pelos surfistas. Só em Vale de Figueira há vigilância, por sinal também protagonizada por surfistas.

   


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