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Fortificações

Fortificações de Costa

Forte da Carrapateira Forte de S. Clemente Torre da Aspa
Forte da Arrifana Forte da Ilha do Pessegueiro Forte de  Poroto Covo

Fernão Mendes Pinto descreve, na sua "Peregrinação", o episódio em que, acabado de embarcar em Lisboa, numa caravela de Alfama "que ia com cavalos e fato de um fidalgo para Setúbal", um corsário atacou o navio:
"Estando nós em frente de Sesimbra, nos atacou um corsário francês, o qual abalroando connosco, nos lançou dentro quinze ou vinte homens, os quais sem resistência ou reacção dos nossos, se assenhorearam do navio, e depois de o terem despojado de tudo quanto acharam nele, que valia mais de seis mil cruzados, o meteram no fundo; e a dezassete que escapámos com vida, atados de pés e mãos, nos meteram no seu navio com a intenção de nos venderem em Larache, para onde se dizia que iam carregados de armas que para negociar levavam aos mouros".

Fernão Mendes conta, depois, que o ataque bem sucedido desse corsário a um outro navio português, carregado de escravos e açucar, que se lhe cruzou no caminho acabaria por alterar os planos e libertar o aventureiro português e outros companheiros nas praias alentejanas.
"Logo que estes corsários se viram com presa tão rica, mudando o propósito que antes traziam, se fizeram a caminho de França e levaram consigo alguns dos nossos para serviço de mareação da nau que tinham tomado. E aos outros mandaram uma noite lançar na praia de Melides, nus e descalços e alguns com muitas chagas dos açoites que tinham levado, os quais desta maneira foram ao outro dia ter a Santiago de Cacém, no qual lugar foram todos muito bem providos do necessário pela gente da terra". Estaríamos no ano de 1522.

Em 1587, o famoso corsário inglês Francis Drake ataca Sagres. Portugal encontrava-se sob domínio espanhol. "Em 19 de Abril de 1587, o corsário investiu o porto de Cádis de surpresa, capturou vários navios carregados de valiosas mercadorias e incendiou os restantes. Terminada a operação, dirigiu-se para o Cabo S. Vicente a fim de interceptar a navegação que circulava com pavilhão espanhol. Seguidamente, desferiu um ataque contra Lagos com uma coluna de mil homens. Perante a resistência dos seus defensores, alterou o plano e avançou sobre a Fortaleza de Sagres que ocupou facilmente. No mosteiro do Cabo S. Vicente, segundo o relato de Horozco, foram cometidos os habituais estragos e actos sacrlílegos que pontuavam invariavelmente os assaltos dos piratas e corsários ingleses. A partir de Sagres, onde permaneceram três ou quatro dias, os barcos de Drake afundaram quarenta e sete navios mercantes de pequeno porte e mais de meia centena de barcos de pesca. Rumaram seguidamente para norte". ( Luís R. Guerreiro, in O grande livro da pirataria e do corso, Lisboa, 1996).

Os episódios de pirataria e corso, europeu e berbére, ao longo da costa ocidental portuguesa foram uma constante dos séculos XVI e XVII. Actividades ilícitas, eram toleradas e fomentadas pelas potências em confronto - franceses, ingleses, holandeses, espanhóis, portugueses, árabes - todos participavam numa guerra económica não declarada, que fazia das povoações do litoral e dos navios mercantes as primeiras vítimas.

Destinadas à protecção do comércio e das povoações ribeirinhas, ao longo da costa Sudoeste e Vicentina foram sendo instaladas fortificações, das quais as de Vila Nova de Mil Fontes, Porto Covo, Ilha do Pessegueiro e Carrapateira foram as mais importantes. O forte de Arrifana, no concelho de Aljezur, destinava-se, principalmente, à defesa da armação de pesca local, enquanto na Torre de Aspa (Vila do Bispo) a edificação era simplesmente de vigia e alerta. Propomos revisitá-las.

 

Links:
http://www.ippar.pt/sites_externos/sagres/Siteport/fsagres.htm
http://www.ippar.pt/monumentos/castelo_sagres.html

Créditos:

-João António Serranito Nunes, "Fortificações da Costa Sudoeste (Sécs. XVI-XIX)", Setúbal Arquológica, Vols. 11-12, 1997, pp 301-313

- Artur Vieira de Jesus, "O Corso e a Pirataria Muçulmana nas Costas de Sagres, Lagos e Aljezur", no âmbito do Seminário de História da Expansão do Curso de História da Universidade Autónoma de Lisboa

- Luís R. Guerreiro, O grande livro da pirataria e do corso, Lisboa, Cículo de Leitores, 1996

-Fernão Mendes Pinto, Peregrinação,Vol 1, Relógio D'Água, 2001

 

 

   


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