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Fauna A Macrofauna Marinha A fauna piscícola do sudoeste alentejano e costa vicentina é também muito variada. Nesta extensa costa ocorre grande parte da ictiofauna portuguesa.
Em termos biogeográficos, representa a transição entre as regiões temperadas frias e quentes do Hemisfério Norte, com espécies a terem ali o seu limite Sul ou Norte de distribuição. Nos peixes dulciaquícolas, das dez espécies existentes, por exemplo, na bacia hidrográfica do rio Mira, algumas foram introduzidas recentemente, como o achigã e o gambusino. Nas espécies indígenas, são comuns a pardelha - um endemismo português -, o bordalo (muito usado para manter livres de insectos os poços de água) e o escalo. Dos mamíferos marinhos, o golfinho comum, o roaz-corvineiro e o golfinho-riscado são dos mais observados. Aparecem também ao largo tartarugas marinhas, como a tartaruga-boba. Mas são, sem dúvida, os peixes teleósteos como o sargo ou o robalo que preenchem o imaginário dos amantes da pesca desportiva, ao ouvirem pronunciar "costa vicentina". A atracção pela pesca a estas espécies transformou o desporto em actividade comercial, altamente predatória. Sobretudo porque na altura da desova, multidões de "pescadores" confluem para locais sagrados na costa, como a Carrapateira, onde as correntes e o abrigo proporcionado pelas "caldeiras" rochosas junto à costa atraem o sargo, em grande quantidade. Os mais experientes sabem distingui-los: sargo-legítimo (Diplodus sargus), sargo-bicudo (Diplodus puntazo), sargo-veado (Diplodus cervinus), sargo-safia (Diplodus vulgaris). Outros peixes são ainda habitantes permanentes das águas que banham as praias do Pero Vicente: a moreia, a dourada (Sparus aurata), o safio (Conger conger).
Os crustáceos e os moluscos constituem outro recurso emblemático das costas sudoeste e vicentina. A mariscagem sempre foi uma actividade tradicional da costa sudoeste e vicentina. O percebe, o mexilhão, a lapa, o burgau são espécies ainda muito comuns, apesar da actual sobre-mariscagem. Uma outra tem igualmente alto valor para os apreciadores: o ouriço do mar. Mas nas praias que rodeiam o Pero Vicente toda a magia da vida marinha se concentra nas poças da maré baixa. São oásis de cores e formas, maternidades de espécies insuspeitas. É preciso esperar pelo ciclo da Terra. É durante a Lua Cheia e a Lua Nova, e nos três a quatro dias que as sucedem ("cabeço da Lua"), que a maré baixa expõe o máximo de praia. É então que os mariscadores alcançam os percebes, as navalheiras, os polvos. Mas não é só esta actividade que cativa quem gosta do mar. São momentos raros (pela madrugada e ao pôr do sol) que nos desvendam os mistérios guardados pelas poças da maré baixa.
"Quando
a maré está a descer, a água fica aprisionada em depressões e buracos
das rochas, formando as poças de maré. O complexo microclima é influenciado
por vários factores e a morfologia diversa dos fundos rochosos de cada
poça determina, só por si, diferenças individuais. Aos parâmetros 'altura
acima do nível da água' ou 'distância até á linha da água', sobrepõem-se,
em importância, o fornecimento de água salgada e a estrutura do substrato
com fendas, buracos, encaixes, etc. Um
dos trabalhos mais atractivos é comparar as poças de zonas diferentes
do litoral. Quando se começa a estudar estes ambientes, verifica-se
que a primeira reacção dos organismos é a fuga para sítios abrigados,
a retracção dos tentáculos (anémonas) ou a fuga para dentro de tubos
(poliquetas). Se a perturbação cessa, os organismos reaparecem e podem
ser observados facilmente. No trabalho de identificação da fauna e da
flora todo o cuidado é pouco para não lesar estes 'mini-ecossistemas'.
Na generalidade, as condições de visibilidade são boas e permitem uma
observação detalhada do modo de alimentação, de caça, de fuga e dos
restantes movimentos dos habitantes, sem uma intervenção directa." In
Mike Weber, , "Aguda, entre as marés", Ed. Afrontamento, 1997, p. 185 Link:
Outros encontros marinhos possíveis: Sargo-veado (Diplodus cervinus), Safia (Diplodus vulgaris), Bodião fusco (Labrus merula), Bodião canário (Labrus bimaculatus), Judia (Coris julis). Créditos
e Links: |
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