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Fortificações
Forte
da Arrifana
A fortaleza
da Arrifana é um daqueles casos em que a lenda se cruza com a história
e dificulta a distinção entre mito e facto. Até agora,
vários autores julgaram que, debaixo das ruínas da fortaleza
do Século XVII ainda ali visíveis, se encontrou o ribat
al-Rihana (Arrifana), fundado por Abû-l-Qâsim Ahmad Ibn al-Husayn
Ibn Qasî, no século X.
De facto, nos últimos tempos do Garb al-Andalus, aquele líder
religioso islâmico (de origem cristã), nascido em Gila, na
região de Silves, terá erguido um mosteiro, com finalidades
místicas e militares, algures a norte do Cabo de S. Vicente. Ora,
o topónimo "Arrifana", comum em Portugal (deriva da designação
árabe para murta), fazia coincidir as duas construções.
Nunca foram encontrados vestígios físicos da localização
muçulmana. Contudo, as prospecções efectuadas em
2001 pela equipa da arqueóloga Rosa Varela Gomes (Universidade
Nova de Liboa) vieram desfazer o mito: há sim vestígios
do ribat de Ibn Qasî na zona, mas um pouco a norte da Arrifana,
na Ponta da Atalaia. A fortaleza da Arrifana fica, assim, historicamente
sozinha no promontório que domina o portinho de pesca. Aliás,
de acordo com João Nunes,a sua construção, provavelmente
em 1635, na ponta da Arrifana teve como objectivo principal proteger a
armação de pesca e constituir guarda avançada para
o castelo de Aljezur: "Num rochedo, extremamente exposto à
erosão, assente em substracto xistoso, foi com bastantes dificuldades
que sobreviveu. Também o terramoto de 1755 teve um forte contributo
na sua ruína."
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