Festival Músicas do Mundo - Sines
Tom Zé, Warsaw Village Band e Femi Kuti são três dos oito nomes que vão voltar a encher o Castelo de Sines da riqueza das expressões musicais do mundo. É já na última semana de Julho o Festival Músicas do Mundo.
Os oito concertos principais do festival têm lugar no principal monumento de Sines. Contudo o festival estende-se a espaços próximos: Capela da Misericórdia e Avenida Vasco da Gama.
Abrem o festival, dia 29, quinta-feira, os concertos de Ronda dos Quatro Caminhos “Terra de Abrigo” (Portugal) e Warsaw Village Band (Polónia).
“Terra de Abrigo” é o projecto mais ousado alguma vez levado a cabo tendo como ponto de partida a tradição do cante alentejano. Junta no mesmo palco seis grupos corais (Moura, Campo Maior, Évora, Serpa, Baleizão e Aldeia Nova de São Bento), uma orquestra de 45 elementos (Sinfonietta de Lisboa) e os músicos da Ronda dos Quatro Caminhos.
Os polacos Warsaw Village Band, prémio revelação dos World Music Awards da BBC Radio 3, são o novo grupo de culto da folk europeia. Com uma abordagem à música tradicional semelhante à de grupos escandinavos como os Hedningarna (que estiveram em Sines em 2002), é música das aldeias polacas para o público da aldeia global – três rapazes e três raparigas que usam vozes, cordas e poderosíssimas percussões para criar um concerto em que o convite à dança é permanente.
30 de Julho, sexta-feira, vai ser um dos dias mais fortes da história do festival. A noite começa com a grega Savina Yannatou. Com formação na música antiga, Savina tem-se vindo a aproximar da música tradicional através de uma abordagem que deve muito à sua formação erudita, mas também ao jazz mais vanguardista e às técnicas de improvisação. Acompanhada pelo agrupamento “Primavera en Salonico” desde 1993, Savina tem reunido um repertório baseado nas riquíssimas tradições da música mediterrânica, da Grécia à Espanha, de Israel à Itália, da Sardenha ao Magreb.
Depois de Savina, o projecto David Murray Creole III com Pharoah Sanders. A última vez que Sanders e Murray colaboraram, em 1988, o resultado foi um Grammy. Desta vez, o pretexto é um projecto que funde as estruturas harmónicas do jazz com os ritmos do “Ka Drum” de Guadalupe (Índias Ocidentais Francesas) e a riqueza do falar crioulo. Companheiro de John Coltrane na sua fase mais “free”, Pharoah tem um dos saxs tenores com mais personalidade da história do jazz.
A fechar a noite, Tom Zé, a figura mais misteriosa e radical do movimento tropicalista brasileiro. Tom Zé raramente sai do Brasil (em Portugal só tinha estado antes na Expo’98 e para um pequena actuação). Musicalmente experimentalista e com textos irónicos e altamente politizados, nunca foi um artista de massas. Nos últimos anos, muito por graça de David Byrne - que fez dele o primeiro artista da sua editora Luaka Bop -, o público e as melhores salas de todo o mundo têm-se aberto à sua música singular. A revista Rolling Stone considerou a sua antologia lançada nos EUA um dos 10 melhores discos dos anos 90.
Sábado, 31 de Julho, o terceiro e último dia do festival, é aberto pelo Septeto de Roberto Juan Rodriguez. Música cubana e música judia é neste agrupamento um caso de cruzamento tão inesperado quanto bem sucedido. Tanto na ilha como em Miami, Roberto Juan Rodriguez teve contacto com a comunidade judia e foi-se apercebendo dos pontos em comum entre as duas culturas e as duas expressões musicais. O resultado foi a invenção da “salsa-klezmer” (os dois ingredientes são ligados pelo jazz), que não é a música dos judeus cubanos, mas, ao ouvir-se, parece uma destilação dos séculos. O segundo concerto da noite representa uma das nações africanas com mais rica tradição musical, o Mali.
Rokia Traoré é uma das mais novas estrelas da música do continente, nomeada para melhor artista africana nos prémios da BBC Radio 3 e vencedora do prémio da crítica. Com uma voz de timbre e profundidade únicos, letras corajosas, que abordam temas como a vida das mulheres na sociedade africana, e arranjos de uma delicadeza comovente, que juntam instrumentos tradicionais a muito comedidos contributos ocidentais, Rokia é um caso raro na música mundial.
O festival é fechado com o nigeriano Femi Kuti. Filho de Fela Kuti, criador do movimento Afrobeat e uma das maiores figuras da música africana no século XX, Femi é há muito tempo um artista com identidade própria, tendo conseguido afirmar-se como um dos mais requisitados do circuito da world music nos nossos dias. Um performer de energia inesgotável, a música de Femi (que canta e toca saxofone) é uma mistura dos ritmos africanos com o jazz e o funk. Ultimamente, as suas letras de alcance político e social têm encontrado novo veículo nalgumas aproximações ao hip hop.
Actividades paralelas Tal como já aconteceu no ano passado, o programa de espectáculos no Castelo vai ser enriquecido com um conjunto de iniciativas paralelas, a começar logo no início da semana do festival. Na Capela da Misericórdia serão realizados concertos, será projectado cinema documental e promovidas conversas com três dos músicos do festival (Roberto Juan Rodriguez, Tom Zé e David Murray). Será montado um palco na Avenida Vasco da Gama, onde, pela noite dentro, actuarão DJ’s especializados na área das músicas do mundo e serão realizados alguns espectáculos.
O programa completo paralelas está em http://www.fmm.com.pt/index.htm
O Festival Músicas do Mundo é uma organização da Câmara Municipal de Sines, que desde 1999 traz ao Litoral Alentejano as melhores músicas que se produzem no planeta.
Adaptado de Nota de Imprensa da CMS
06-06-2004
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