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O fogo e as cinzas

A serra foi ferida pelo cinzento: essa é a cor que nos vai doer nos próximos anos, agora que o vermelho do fogo desapareceu, por não ter mais que queimar. Monchique, Aljezur, Lagos, Silves, Portimão. Fronteiras administrativas, que já não fazem sentido: é a mesma a floresta ardida, as casas queimadas, os animais mortos, a angústia das pessoas. Retivemos o testemunho de Maria da Graça Mateus, de Portimão, num artigo de opinião publicado no Público de 14 de Agosto. Vale a pena reflectir.


"Sou proprietária de uma mata na serra de Monchique. Todos os anos, eu e a minha família passamos o Verão com ansiedade, desejando que ele passe sem sobressaltos. Ardido o centro do país, temia-se a extensão da vaga de incêndios ao pulmão do Algarve. O pior aconteceu, a maior devastação que alguma vez ocorreu na serra. A mata florestal que abrange os concelhos de Monchique e Aljezur está recortada por estradas e aceiros. Do litoral, separa-a uma estrada de alcatrão que liga Marmelete a Aljezur. Controlar esta estrada é fácil, se forem colocados de prevenção meios necessários logo que o fogo comece na encosta sul. Como é que foi possível deixar um incêndio que começou na Mexilhoeira Grande galgar a encosta e passar para norte desta estrada? Estive lá, ontem, vendo, desesperada, as chamas consumirem lentamente o mato, em contraste com a voragem das chamas na massa florestal. Nos recantos, viaturas de bombeiros do Alentejo e de Setúbal aguardavam ordens dos comandos enquanto o fogo alastrava. Alguns pareciam perdidos naquele labirinto de caminhos. Parecia tão fácil impedir ali mesmo o avanço das chamas! Os militares, jovens, não sabiam o que fazer. Não traziam ferramentas, nem alimentos. Estavam ali, impreparados e sem meios, joguete das estatísticas oficiais do dr. Portas. No meio daquela serra, recortada de trilhos, muitos não sabiam o que fazer. Ardeu tudo o que restava durante a noite. Só me ocorria as imagens tétricas do filme "The Day After" porque o cenário era de uma devastação atómica. Não discuto o empenho pessoal de cada um dos bombeiros, discuto a coordenação no combate ao fogo.

E agora? São os subsiodiozinhos que vão resolver os problemas particulares dos proprietários como eu e dos madeireiros, cuja madeira, acabada de comprar, ardeu, arriscando-nos a deixar tudo como está, em cinzas, registo mórbido para a posteridade? Vai-se discutir um plano de florestação da serra financiando a limpeza do terreno e as novas plantações? Qualquer florestação que tenha lugar agora naquela serra, plantada com o apoio da Junta de Colonização Interna, nos anos 70, e que substituiu sobreiros, medronheiros e trigo por eucaliptos, só dará frutos dentro de décadas. Quem se vai responsabilizar por este investimento, quando muitos proprietários se encontram arruinados e desmoralizados?

E os meios de prevenção? Vamos continuar dependentes do voluntariado de homens que correm o risco de despedimento por se ausentarem do seu trabalho para prestar um serviço público? Vamos continuar a comprar aviões de guerra e submarinos, em vez de aviões de combate aos incêndios e barcos de prevenção de marés negras? Que país miserável é este que tem apenas um helicóptero na serra de Monchique e abastecimento para os Canadair a mais de 200km de distância? Que alienou as casas dos guardas-florestais, acabou com os guarda-rios e deixou de vigiar as florestas?

O problema é político e é da responsabilidade de todos os governos. A senhora ministra das Finanças quer combater o défice e isso mais não é que outra forma de perpetuar aquilo que caracteriza Portugal, desde que nos chegaram as especiarias da Índia: parecermos o que não somos. Primeiro fazíamo-lo ostentando riqueza fugidia e efémera, agora fazemo-lo ostentando rigor orçamental e escondendo a ausência de políticas sociais e culturais e a inexistência de planeamento que projecte o desenvolvimento estrutural do país. Demitam-se os ministros responsáveis por um país que arde porque um miúdo de dez anos quer uma boleia dos bombeiros ou porque um pastor de 18 anos está farto de tantas ovelhas e de tanto pasto! Demitam-se os ministros da Cultura, da Educação, da Agricultura, da Administração Interna, das Finanças e os responsáveis pela Protecção Civil! Demitam-se já! Essa atitude será um sinal de vontade de mudar Portugal. Mas não fiquem por aí! Repensem o país, o povoamento, a agricultura, as florestas, a educação, a longo prazo, sem obsessão pelo combate ao défice orçamental, sem obsessão pelos votos dos eleitores! Esqueçam a caridadezinha e as batalhas eleitorais. O país agradece.

Maria da Graça Mateus, Portimão "

14-08-2003
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