Pressão urbanística no Litoral Alentejano
A associação ambientalista Quercus alertou dia 27 de Setembro, Dia Mundial do Turismo, que o litoral alentejano está "ameaçado por 30 mil camas turísticas". "O litoral alentejano, uma das poucas zonas ainda preservadas no litoral português, é uma das regiões que está neste momento mais ameaçada por um vasto conjunto de investimentos turísticos e imobiliários", alertam os ecologistas em comunicado, a propósito do Dia Mundial do Turismo. A Quercus lembra que o Plano de Pormenor da Costa de Santo André, junto a Sines, prevê a construção de empreendimentos com "mais de duas mil camas turísticas" em cerca de 80 metros quadrados da Rede Natura 2000 (instrumento para salvaguardar a conservação da natureza nalguns locais). Acresce que o mesmo Plano de Pormenor prevê ainda a construção de três hotéis e um aldeamento turístico que, segundo a associação ambientalista, "farão quintuplicar a pressão humana" no litoral alentejano. "Vários grupos económicos têm preparado um conjunto de investimentos para os 45 quilómetros de costa entre Tróia e Melides [Grândola], pretendendo implantar até 2010 mais de 30 mil novas camas turísticas, o mesmo número existente no arquipélago da Madeira, actual segundo maior destino turístico de Portugal", adverte também a Quercus. "Não é admissível fazer entrar em espaços com estatuto de protecção investimentos que descaracterizam e provocam desequilíbrios profundos no estado de conservação", justificam os ambientalistas. Consideram, contudo, que "a riqueza natural de Portugal" pode ser vista como uma "mais valia para um turismo regrado e de qualidade", mas sem "comprometer os valores naturais do país".
Adaptado de Público, 28 de Setembro 2004
28-09-2004
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